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1. Luís de Camões, poeta maior da língua portuguesa, viu alargadas as comemorações do seu dia, 10 de junho, à celebração do quinto centenário do seu nascimento, que se assinala até 2026. Autor de uma obra lírica e épica ímpar, que marcou de forma indelével a literatura portuguesa, alcançou a glória de libertar-se da «lei da morte», feito só concedido aos grandes. N’Os Lusíadas, o poeta indicava o caminho da fama e assinalava a importância fundamental de se estimar e reconhecer os poetas e a sua obra, o que, afirmava, motivava os autores e permitia que se recordassem os grandes heróis e seus feitos: «Não há também Virgílios nem Homeros;/ Nem haverá, se este costume dura,/ Pios Eneias nem Aquiles feros». A grandeza e o alcance da lírica camoniana verificam-se também em factos tão simples como o de terem conseguido impregnar o discurso quotidiano com expressões várias, que são usadas por muitos que desconhecem tanto o seu autor como os poemas a que pertencem. Separados do seu contexto de origem, vários são os versos camonianos que se prestam a usos e mensagens diversas. Um dos que mais frequentemente se encontra talvez seja «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades», verso que se ergueu à condição de máxima e que serve para assinalar qualquer transformação ou a consequência da própria mudança. Os escolhidos ou eleitos numa dada situação, desde o futebol à equipa de sonho numa empresa passando pela política, são, muitas vezes, referidos como «os barões assinalados» e um sentimento forte é não raro descrito como «fogo que arde sem se ver» ou, quando se fala do poder de quem se ama, afirma-se que ela é a «cativa, / que me tem cativo». Os momentos de felicidade podem ser brindados com um «Verdes são os campos,/ De cor de limão: / Assim são os olhos/ Do meu coração.» Já a separação dos que se amam é evocada por meio de «Alma minha gentil que se partiste/ Tão cedo desta vida descontente» ou pela memória daquela «triste e leda madrugada». Quando as palavras do poeta descem à rua e entram naturalmente nos discursos mais improvisados e informais, é sinal que estas conseguem traduzir o que vai na alma dos Portugueses. Poucos serão os poetas que se poderão orgulhar desse feito.

Recordamos alguns textos relacionados com Camões, que se encontram disponíveis no Ciberdúvidas: «Luís de Camões e «outra coisa»», «Camões: 500 anos», «Camões», «A origem do adjetivo lusíada», «O português como língua de Camões é um mito», «Qual era o país de Camões?», «Lembrar Luís de Camões, "numa época de apoucamento da língua"».  

Na imprensa portuguesa, verifica-se igualmente a referência à figura de Camões em artigos de natureza diversa. Deixamos a indicação de alguns: «Qual a ortografia de Camões?», ««Que a sociedade parta à descoberta de Camões», ««Camões ultrapassa as fronteiras do mito»», ««A vida de Camões não carece de artifícios»», «Portugal cabe todo n’Os Lusíadas», «Luís de Camões. um génio arruivado e quezilento que escrevia como ninguém»  e «A expressão «Vai chatear o Camões»». Registe-se, ainda, no Rio de Janeiro, a exposição "Quinhentos Camões, O Poeta Reverberado"; e, em Díli,  uma maratona a ler  "Os Lusíadas.

2. Qual a origem da expressão «favas contadas», que se usa informalmente para referir algo que é dado como certo? O tratamento desta questão abre a atualização do Consultório, uma resposta que vem acompanhada de outras seis: «A palavra aquímico», «Valor aspetual genérico: "a leitura é um hábito"», «A expressão "dar  o nome de"», «Subordinação nominal e concordância: "intimação a pagar"», «A regência do verbo agendar» e «"Com que"» causal».

3.  A relação do povo cabo-verdiano com a língua portuguesa é abordada pela professora Goreti Freire, na quarta parte deste trabalho que aqui divulgamos, na qual apresenta e analisa os resultados de um inquérito realizado a alunos e professores. 

4.  A justificação da grafia de supramencionado à luz do Acordo Ortográfico de 1990 leva a uma revisão de alguns usos do hífen, num apontamento da responsabilidade da professora Carla Marques divulgado no programa Páginas de Português, na Antena 2. 

5. O número crescente de alunos que não falam português nas salas de aula em Portugal levanta questões relacionadas com os melhores processos de integração e de aprendizagem da língua. A professora universitária Ana Cristina Silva partilha algumas sugestões que poderão enquadrar uma abordagem bem-sucedida neste campo da aprendizagem (texto divulgado no Diário de Notícias e aqui partilhado com a devida vénia). 

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